A empolgação parece geral... Mattel, Warner Bros e DC
Entertainment parecem estar vibrando com esse lançamento que incluirá toys,
bonecas, action figures, cintos de utilidades, escudos, livros, quadrinhos,
vestuário e animações. O site da DC Comics, inclusive, elegeu os "10
momentos marcantes de 2015" e dentre tantos lançamentos, destacaram as DC
Superhero Girls como um desses momentos. Vamos combinar que estão um tanto
atrasados com esse insight, afinal personagens femininas como as Meninas
Superpoderosas, Kim Possible e Três Espiãs Demais já deram um preview de
popularidade comercial há alguns anos.
A Time.com, site da conceituada revista americana
"Time", já tinha dado os spoilers de sucesso dessa linha em outubro
de 2015 na sua sessão "MONEY", ou seja, o retorno financeiro é uma
aposta altíssima da Mattel. A matéria destaca a inteligência na formulação da
linha, uma vez que terá um apelo mais abrangente do que o público alvo de
garotas de 6 a 12 anos. Claramente, queridinhos, adultos e adultas nerds já
estão surtando geral!
É interessante entender o que está por trás dessa investida
maciça: a concepção desta coleção é resultado de pesquisas junto ao público
alvo e os primeiros protótipos foram "super" rejeitados pelas
MENINAS, com avaliações como "ela não é atlética o suficiente",
"Esse lenço vai atrapalhar em uma luta", "ela está mais bonita do
que heroína", dentre outras.
Mas, gente, onde estavam essas meninas que sabem
tudo, hein?
Verdade seja dita: elas sempre estiveram por aí, mas somente agora
alguém resolveu ouvi-las e isso é simplesmente sensacional! A Mattel se dispôs
a ouvir um grupo de garotinhas que gostam de super-heróis e elas não quiseram
apenas "mais uma boneca bonita no estilo Barbie" - queriam heroínas de
verdade! Mas não ouviram apenas as garotinhas, também tiveram feedback de um
grupo de feministas, blogueiras e acadêmicas ligadas a diversas áreas.
A designer Christine Kim teve que dar novas diretrizes para
sua equipe criativa: usar ginastas, dançarinos e jogadores de basquete como base para uma concepção de corpos mais tonificados, porém lembrando que
estão em idade escolar. Outra coisa interessante: não trocaram as cores
originais para encher tudo de rosa! Yes! Garotas podem brincar com todas as
cores que elas quiserem! E outro destaque importante: nada de sexualizar as
bonecas! Elas são graciosas sim, mas os uniformes realmente ficaram mais
atléticos e escolares - sem perder o aspecto feminino em absolutamente nada. Um
pequenino veneno: parece que designers de bonecas tem algo a ensinar para
desenhistas chorões que não sabem fazer uma heroína sem expor seus atributos
físicos, né? (Cof, cof, Benes... Cof, cof).
O "girl power", ou empoderamento feminino, mostra
sinais de uma abrangência muito maior do que os machistas gostariam. O
protótipo da modelo supermagra e vaidosa constantemente associado à Barbie - e
ao da esposa perfeita - está cedendo lugar a outros interesses femininos.
Inclusive a linha citada, a Barbie, amarga quedas vertiginosas de vendas,
enquanto linhas mais divertidas como "Monster High" mostram um
crescimento significativo da fatia do mercado voltado para as garotas. Não é um
tiro no escuro! Os executivos da Mattel sabem muito bem onde estão pisando.
Suas recentes pesquisas mostraram que as meninas já eram consumidoras de 9% da
linha de Action Figures que nem são voltadas para elas. Essa iniciativa mostra
um cuidado gigante na tentativa de se reconectar com este público. As mulheres
poderosas estão em alta nas iniciativas da DC Entertainement com investimentos
em séries de TV como Supergirl, personagens femininas em destaque no "The
Legends of Tomorrow", os curtas de animação da web série da heroína
"Vixen" e finalmente, a Mulher-Maravilha nos cinemas de todo mundo em
"Batman V Superman" este ano e no filme solo da heroína em 2017.
OK! Não sejamos ingênuos, o que está por trás de tudo isso
nas entrelinhas é puramente interesse comercial - mas tem uma virada de jogo
aí: os profissionais que desenvolveram essa linha simplesmente não executaram
tudo com sua visão e vivência adulta e empurraram para as crianças! Tiveram que
amargar uma rejeição dos primeiros protótipos e ouvir o que o público quer:
precisaram rebolar e botar a cabeça para funcionar, desenvolvendo algo que fosse
de encontro com essa visão de heroísmo das meninas. E, o mais interessante, é o
fato da rejeição ser exatamente daquele modelo da mulher supermagra e perfeitamente
bonita que há décadas a indústria empurra para estas crianças! Estamos vendo
uma revolução na visão feminina infantil em que o "look" não é mais
importante que os feitos dos seus personagens favoritos.
A expectativa que vibra em nossos corações é que milhares de
meninas percebam que não precisam mais se limitar a brinquedos que as treinem
para serem boas mães e cozinheiras, mas uma técnica de TI como a Batgirl, uma líder
carismática como a Mulher-Maravilha, pode ser a brincalhona da turma como a
Harley e todas as outras qualidades que antes eram associadas somente aos
meninos!
O grito na garganta é um só: "Go Girls"!
Para elaboração deste texto, tive o apoio dessas matérias
aqui:
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