domingo, 3 de janeiro de 2016

Não é apenas mais uma coleção de bonecas.



A empolgação parece geral... Mattel, Warner Bros e DC Entertainment parecem estar vibrando com esse lançamento que incluirá toys, bonecas, action figures, cintos de utilidades, escudos, livros, quadrinhos, vestuário e animações. O site da DC Comics, inclusive, elegeu os "10 momentos marcantes de 2015" e dentre tantos lançamentos, destacaram as DC Superhero Girls como um desses momentos. Vamos combinar que estão um tanto atrasados com esse insight, afinal personagens femininas como as Meninas Superpoderosas, Kim Possible e Três Espiãs Demais já deram um preview de popularidade comercial há alguns anos.


A Time.com, site da conceituada revista americana "Time", já tinha dado os spoilers de sucesso dessa linha em outubro de 2015 na sua sessão "MONEY", ou seja, o retorno financeiro é uma aposta altíssima da Mattel. A matéria destaca a inteligência na formulação da linha, uma vez que terá um apelo mais abrangente do que o público alvo de garotas de 6 a 12 anos. Claramente, queridinhos, adultos e adultas nerds já estão surtando geral!

É interessante entender o que está por trás dessa investida maciça: a concepção desta coleção é resultado de pesquisas junto ao público alvo e os primeiros protótipos foram "super" rejeitados pelas MENINAS, com avaliações como "ela não é atlética o suficiente", "Esse lenço vai atrapalhar em uma luta", "ela está mais bonita do que heroína", dentre outras.

Mas, gente, onde estavam essas meninas que sabem tudo, hein? 

Verdade seja dita: elas sempre estiveram por aí, mas somente agora alguém resolveu ouvi-las e isso é simplesmente sensacional! A Mattel se dispôs a ouvir um grupo de garotinhas que gostam de super-heróis e elas não quiseram apenas "mais uma boneca bonita no estilo Barbie" - queriam heroínas de verdade! Mas não ouviram apenas as garotinhas, também tiveram feedback de um grupo de feministas, blogueiras e acadêmicas ligadas a diversas áreas.



A designer Christine Kim teve que dar novas diretrizes para sua equipe criativa: usar ginastas, dançarinos e jogadores de basquete como base para uma concepção de corpos mais tonificados, porém lembrando que estão em idade escolar. Outra coisa interessante: não trocaram as cores originais para encher tudo de rosa! Yes! Garotas podem brincar com todas as cores que elas quiserem! E outro destaque importante: nada de sexualizar as bonecas! Elas são graciosas sim, mas os uniformes realmente ficaram mais atléticos e escolares - sem perder o aspecto feminino em absolutamente nada. Um pequenino veneno: parece que designers de bonecas tem algo a ensinar para desenhistas chorões que não sabem fazer uma heroína sem expor seus atributos físicos, né? (Cof, cof, Benes... Cof, cof).

O "girl power", ou empoderamento feminino, mostra sinais de uma abrangência muito maior do que os machistas gostariam. O protótipo da modelo supermagra e vaidosa constantemente associado à Barbie - e ao da esposa perfeita - está cedendo lugar a outros interesses femininos. Inclusive a linha citada, a Barbie, amarga quedas vertiginosas de vendas, enquanto linhas mais divertidas como "Monster High" mostram um crescimento significativo da fatia do mercado voltado para as garotas. Não é um tiro no escuro! Os executivos da Mattel sabem muito bem onde estão pisando. Suas recentes pesquisas mostraram que as meninas já eram consumidoras de 9% da linha de Action Figures que nem são voltadas para elas. Essa iniciativa mostra um cuidado gigante na tentativa de se reconectar com este público. As mulheres poderosas estão em alta nas iniciativas da DC Entertainement com investimentos em séries de TV como Supergirl, personagens femininas em destaque no "The Legends of Tomorrow", os curtas de animação da web série da heroína "Vixen" e finalmente, a Mulher-Maravilha nos cinemas de todo mundo em "Batman V Superman" este ano e no filme solo da heroína em 2017.

OK! Não sejamos ingênuos, o que está por trás de tudo isso nas entrelinhas é puramente interesse comercial - mas tem uma virada de jogo aí: os profissionais que desenvolveram essa linha simplesmente não executaram tudo com sua visão e vivência adulta e empurraram para as crianças! Tiveram que amargar uma rejeição dos primeiros protótipos e ouvir o que o público quer: precisaram rebolar e botar a cabeça para funcionar, desenvolvendo algo que fosse de encontro com essa visão de heroísmo das meninas. E, o mais interessante, é o fato da rejeição ser exatamente daquele modelo da mulher supermagra e perfeitamente bonita que há décadas a indústria empurra para estas crianças! Estamos vendo uma revolução na visão feminina infantil em que o "look" não é mais importante que os feitos dos seus personagens favoritos.

A expectativa que vibra em nossos corações é que milhares de meninas percebam que não precisam mais se limitar a brinquedos que as treinem para serem boas mães e cozinheiras, mas uma técnica de TI como a Batgirl, uma líder carismática como a Mulher-Maravilha, pode ser a brincalhona da turma como a Harley e todas as outras qualidades que antes eram associadas somente aos meninos!

O grito na garganta é um só: "Go Girls"!



Para elaboração deste texto, tive o apoio dessas matérias aqui:

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